Gosto de dias nublados. Me fazem viajar no tempo como nenhum
outro e como ninguém. Hoje corri para o passado e caminhei pelo futuro,
enquanto vagava por tudo entre eles. Qualquer fato banal me carrega a um mundo
utópico e atemporal, recheado de lembranças, digressões e conjecturas. Na
realidade, não seria atemporal, mas uma mistura indefinida dos tempos passado,
presente e futuro. Por que dias nublados? Não sei. Eles trazem esse ar sereno e
poético, ao meu ver, fora uma série de fatos palpáveis. Aliás, é fato que em
dias nublados se perde a noção do passar das horas pela falta de orientação
solar. É fato também que eles te permitem usar roupas muito mais confortáveis,
quentinhas e macias. O tipo de roupa que uso muito em casa, e talvez por isso me
sinta muito mais a vontade em dias assim. É fato também que qualquer sopro vira
brisa e qualquer brisa vira vento, gelado, gostoso, em contraste com o
quentinho das roupas. Amo. Dias nublados são rituais, eles pedem abraços e
chocolate quente. Mas, assim como os dias frios, eles geralmente não me pedem
cobertores. Me sinto mais disposta em dias assim, quero sair e caminhar, sei
que não vou suar – não como em dias de sol.
Dias nublados são introspecção. Se lhes são tristeza, me
desculpe, mas a meu ver é isso que reina no seu íntimo – pelo menos por certo
momento.
... Na verdade, nenhuma dessas minhas observações justifica
meu gostar por dias nublados. Mas explicam. E mesmo sem saber direito, gosto de
dias nublados.
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